terça-feira, 28 de setembro de 2021

Ciclos

A vida é cheia de ciclos e eles estão presentes de diversas formas. E não adianta querermos antecipar ou estender demais porque no fundo sabemos quando eles acabam e outro se inicia. Isso acontece no âmbito pessoal, no trabalho, relacionamentos e na vida das pessoas e crianças com as famosas FASES.


Minha filha se preocupa demais com os outros, com o que eles falam e fazem. Ela não entende, ou pelo menos, não entendia, que algumas coisas simplesmente tinham que ser deixadas para lá. Falamos sempre que ela não tem controle sobre os outros, só sobre ela e a ajudamos a lidar com seus sentimentos e como eles a afetam. 


Parece que esse final de semana deu um “estalo”. Ela conseguiu resolver um conflito com um simples “deixa pra lá”. Fiquei encantada com a forma como ela lidou, falou e resolveu seus problemas, sem nervosismo, raiva e indignação. Ela ficou toda orgulhosa de si. 


É minha gente! Uma hora vai. Parecia que estávamos falando com as paredes, mas os filhos amadurecem e vão seguindo e passando as etapas da vida, ganhando confiança e repertório. 


Minha Primavera - Clarice 


“Compreender e respeitar a importância de cada uma das etapas consiste em aceitar que ciclos são necessários para que sempre possamos construir algo novamente.” (Horácio Coutinho)


Tenho certeza de que temos ainda muitos ciclos e fases da vida a serem passados e muitos novos caminhos a serem percorridos. Aceitamos que eles fazem parte da nossa jornada como pais.


Temos certeza de que sempre terá algo novo chegando. A gente corrige o que precisa ser ajustado e curtimos cada momento, que de preferência será cada dia melhor.


Texto: Maria Fernanda Garcia


terça-feira, 21 de setembro de 2021

Expectativas

 “O maior impedimento para viver é a expectativa. Na expectativa do amanhã, perde-se o hoje.” Sêneca

Você também é daquelas pessoas que se preocupam demais? Se preocupa com o que fez. Com o que deixou de fazer. Com o ontem. Com o amanhã.


Antes de dormir, eu e Clarice batemos o maior papo. Conversamos sobre como foi o nosso dia, coisas legais que aconteceram, coisas não tão legais assim, falamos bobagens, palhaçadas e damos muitas risadas. É uma delícia. Durante esse teretetê todo, me peguei falando de coisas que iriam acontecer dali alguns dias e ela parou e disse: 


- Mas mãe, não é você que vive falando que não tem que se preocupar com o dia de amanhã? Você está falando...


Falei que ela tinha razão. Disse que as vezes eu ficava assim meio - ansiosa, mas que ela tinha me ajudado a prestar a atenção. E completei a frase com:  


- Mas como é difícil esse tal de “Viver O hoje”,  não é mesmo? 


Ela, muito sábia, disse: 


- Vamos curtir aqui, nós duas! Tá na hora do AMP (Amor de mãe presencial) - momento que criamos para agarrar e beijar sem limites, até faltar o ar, até formigar a boca, até sair caldinho… 

Eu e Clarice no maior Teretetê


Depois do AMP ela dormiu e fiquei impressionada como eu, muitas vezes durante o meu dia, não estou no presente. Ora estou no passado, relembrando falas e coisas que aconteceram e como eu podia ter feito diferente e ora estou no futuro, criando diálogos e cenas que não vão acontecer. Porque eles não acontecem, a gente sabe. 


Isso é coisa dela, a minha amiga ansiedade. Que está sempre aqui. Sabe o que ela parece? Aquele diabinho que fica no ombro da gente tagarelando o que não deve. Ela não para de falar nunca. 


Francamente Dona Ansiedade.


Não é sempre que consigo me colocar no presente, porque nem sempre percebo que estou caraminholando, mas quando esse estalo acontece, extravaso  através de exercícios físicos. São eles que me conectam comigo e não me deixam espanar. É o famoso mindfulness, ou seja, qualquer atividade que traz você para o agora…yoga, pintura, cozinhar, meditar, ler, dançar… qualquer coisa que te preencha, para não dar brechas nem para o  passado e nem para o futuro.


Quem sabe um dia eu experimente meditar! Dizem que é ótimo.


Texto: Maria Fernanda Garcia

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Elefante Branco! Quem nunca?

 Você já fez aquela compra que na hora você tinha certeza que era indispensável na sua vida, mas que no dia seguinte você já percebeu que aquilo na verdade era um grande elefante branco?

Se sim, estamos juntos então!


No início da pandemia, onde tudo estava fechado. Academias, Parques, Lojas... senti a necessidade de pedalar. Mas oras, onde poderia fazer isso? Na garagem do prédio? Nas ciclovias da cidade? Não… Eu precisava fazer isso sem me expor ao vírus. Teria que ser no conforto do meu lar.


Então tive a brilhante ideia de comprar uma bicicleta ergométrica. Mesmo com T-O-D-A-S-A-S-P-E-S-S-O-A-S-Q-U-E-C-O-N-H-E-Ç-O me falando para não comprar, pra esperar mais um pouco. Eu simplesmente não quis ouvi-las. Então elas diziam, “faça exercícios funcionais em casa” E eu dizia “já estou fazendo, mas preciso fazer exercícios aeróbicos”. Então disseram “Porque que você não pula corda ao invés de pedalar?” E eu “Afe, pular corda não dá né!” - E ainda revirava os olhos. 


Eu estava decidida. Pensava, “Sou fitness “. É claro que vou usar. 


Então fui lá e comprei.


Clarice e a Bike


Na minha cabeça fazia total sentido. Eu e a Bike no meio da sala assistindo séries e pedalando. Ou então, eu e Bike fazendo aula de spinning online e eu suando, linda, de top e toalhinha pendurada no guidão. Eu e a Bike juntas a qualquer momento do dia e até duas vezes ao dia.


Quanta ilusão. Eu estou rindo, mas é de nervoso mesmo. Porque se usei Bike por dois meses, foi muito. 


No início, pedalei sim. Todos os dias. Por 40 minutos. Colocava Bike em frente a janela e pedalava olhando pra fora. Colocava Bike bem no meio da sala de pedalava assistindo a série. Meu marido pedalava. Minha filha também pedalava.


Até o dia que a academia do prédio reabriu e passei a frequentá-la novamente. A Bike foi abandonada. Ali no canto da sala. Hoje, ela é abrigo dos casacos pesados que usamos quando saímos e também das bolsas e mochilas. Ela virou um grande mancebo. 


Quero dizer tchau a Bike


Alguém quer ser seu novo dono? Semi nova! Esbelta! Vocês podem formar um belo par. Quem sabe?!


Maria Fernanda Garcia


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Propósito de vida

 Estava conversando com uma amiga que está passando por uma situação delicada. Perdeu o prazer em fazer o que faz. Está trabalhando sem se sentir inteira. Está trabalhando sem propósito.

Você já passou por isso?


Fico imaginando como deve ser difícil trabalhar em algo que não faz mais o menor sentido. Acordar cedo já sabendo que o dia será longo e cheio de coisas que não te animam mais. Reuniões intermináveis de assuntos que parecem não ter nem pé e nem cabeça. Haja lente para mudar e seguir  em frente, porque quando o ranço se instala, fica difícil. Muito difícil.


Ah! o auto conhecimento! Tinha que ser ensinado na escola, não é mesmo? Se auto observar é um exercício diário, para não cair no automático e ser atropelado pela vida.


Felizmente, hoje em dia, muito se fala sobre propósito de vida. A minha geração  está mais ligada - ainda que com o pé atrás - em  não só trabalhar por dinheiro, e sim por prazer também.


Hábito de leitura: Clarice lendo para Amora...


No dicionário, a definição da palavra propósito é intenção (de fazer algo), aquilo que se busca alcançar, objetivo, finalidade, intuito. Em outras palavras, é aquilo que faz a gente se levantar todo dia de manhã. É juntar o que se ama, com o que fazemos bem, com o que o mundo precisa e ainda ser pago por isso. Parece fácil? Mas não é nada fácil descobrir o nosso objetivo.

 

Especialistas dizem para começar sua busca pelo propósito com algo simples e, a partir daí, com o passar do tempo e do processo de se conhecer e se observar, aos poucos se avança. Passo por passo. Sem desistir. 


O meu maior desafio, como mãe, é orientar a minha filha a se conhecer e se observar. Que ela não deixe sua essência para trás em busca de algo que não lhe faça sentido e mostrar que pode sim se sentir inteira e encontrar seu caminho sem abrir mão da sua felicidade.


Porque já dizia Sêneca: “Se uma pessoa não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável.”


Texto: Maria Fernanda Garcia