Foi num almoço despretensioso de um domingo qualquer com algumas amigas e amigos que surgiu o assunto “Crise da Meia idade”. Aquele período onde a gente não sabe exatamente o que é, mas sabe que talvez não seja aquilo que achávamos que era. Ou seja, onde podemos assumir que estamos envelhecendo e assuntos como a finitude, sentido da vida e outros sentimentos que nem bem sabemos nomear começam a surgir na nossa cabeça. Parece até que as nossas velhas idéias, objetivos e valores não fazem mais sentido.
Um dos nossos amigos se desembestou a praticar atividade física e a alimentar-se melhor, outro está decidido a pedir demissão, outra diz querer largar tudo e fazer intercâmbio na Austrália, outra decidiu surfar e praticar todo o lifestyle que envolve a nova modalidade, outra quer mudar de país, outra pensa em mudar de área e quem sabe fazer uma nova faculdade, outra quer fazer mestrado, outro está pedalando duas horas nos finais de semana, outra virou vegana… Vejam que não temos um padrão de questões levantadas num almoço, são diversas - sobre vida profissional, vida pessoal, relacionamentos, mas todas tinham um ponto em comum, o desejo de mudança.
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Nós - Crise da meia idade. Será? |
Carl Jung descreve essa crise como “Metanóia”, palavra grega que significa mudança. Mudar de ideia, mudar de conceitos, mudar de pensamentos. Ela acontece na segunda metade de nossas vidas, entre 30 e 50 anos e é descrita como precedente para a descoberta do verdadeiro sentido da própria vida.
A neurociência cognitiva diz que o crescimento e desenvolvimento podem ocorrer na meia idade, portanto somos tecnicamente capazes de produzir um cérebro mais equilibrado, desenvolvido e aprender novas habilidades.
O mais difícil hoje em dia é lidar com uma cultura que não vê que pode-se sim se desenvolver, crescer e mudar aos 40+. Porque não estamos correndo atrás do tempo perdido, e sim buscando mecanismos internos para enfrentar uma nova vida sem deixar de lado a antiga, sabendo que toda ação gera uma reação e é preciso estar ciente das suas escolhas.
São tantos exemplos me rodeando que decidi acolher e escutar as minhas vozes internas. É aquela velha questão: “Não sei se eu caso ou compro uma bicicleta?”, só que bem mais profunda.
Texto: Maria Fernanda Garcia